Toni, natural de Mogofores, Anadia, é, indiscutivelmente, uma figura incontornável do SL Benfica, mas a sua carreira e, acima de tudo, a sua forma de estar no desporto, merecem o respeito generalizado de todos aqueles que gostam do “desporto rei”.
Recuemos até à década de 50. Era apenas um menino de uma aldeia chamada Mogofores. Começou a jogar futebol no Anadia, depois transferiu-se para a Académica, treinada por Mário Wilson, de seguida deu o salto para o Benfica e, consequentemente, para a Seleção Nacional de futebol. No Benfica, enquanto jogador, conquistou oito Campeonatos Nacionais e quatro Taças de Portugal e alinhou pela Seleção A em 33 jogos.
A carreira de Toni fez-se a “pulso” e por mérito próprio. Ainda hoje é uma das maiores figuras do Benfica e do futebol nacional. No clube da Luz, para além de se ter notabilizado como futebolista, singrou também como treinador. Estávamos na época de 1987/88, quando assumiu, pela primeira vez, o cargo de treinador principal dos encarnados, depois de mais de cinco anos a exercer funções de adjunto de vários técnicos que passaram pelo clube.
Em 1989/90, voltou ao cargo de treinador-adjunto de Sven-Goran Eriksson, na altura de regresso a Portugal, mas dois anos depois, após o despedimento de Tomislav Ivic, regressou ao comando da equipa benfiquista.
Em períodos diferentes, Toni foi treinador principal do Benfica durante seis temporadas, numa carreira em que também trabalhou em França (Bordéus), Espanha (Sevilha) Emirados Árabes Unidos (adjunto da Seleção e Al Sharjah), China (Shenyang Ginde), Egipto (Al-Ahly), Arabia Saudita (Al-Ettifaq) e Al Ittiihad), irão (Tractor) e Koweit (Kazma). O menino que começou por jogar futebol no largo da escola da sua aldeia, para além de se ter transformado num dos maiores símbolos de um grande clube como o Benfica, tornou-se, então, num cidadão do mundo.
Um de quatro selecionadores
Da carreira de Toni consta a passagem pela Seleção Nacional, aquando da fase de qualificação e fase final do Europeu de França, em 1984. Uma fase da história do futebol nacional em que a nossa seleção foi orientada por… quatro treinadores. Para além de Toni, sentavam-se no banco de Portugal mais três treinadores: António Morais (ex-treinador do Vitória, de Guimarães e do FC Porto), Fernando Cabrita, curiosamente um técnico que passou pelo Beira-Mar, e José Augusto, antigo futebolista campeão europeu pelo Benfica. Um quarteto sem hierarquia, numa ideia que espantou o país e o mundo do futebol. Ainda que polémica (e até algo difícil de perceber), o certo é que Portugal nesse ano obteve o terceiro lugar no Campeonato da Europa e só não foi mais longe porque a França, a jogar em casa, tinha nas suas fileiras jogadores como Platini, Giresse, Tigana, entre outros craques. Portugal, com Chalana e Jordão em grande plano, brilhou a grande altura, mas os gauleses, com alguma felicidade à mistura, acabaram por sair por cima.
Ainda sobre a carreira de Toni como treinador, é justo destacar alguns dos seus títulos mais importantes: uma Supertaça do Egipto, uma Taça da Federação do Koweit, uma Taça do Irão, uma Taça de Portugal e dois títulos de campeão de Portugal pelo “seu” Benfica.
Pedro Neves