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Mealhada // Sociedade  

Até domingo, mel e pão animam vila de Luso

Em destaque estão produtores de mel, padarias locais, e de outros produtos derivados, bem como o artesanato.

Entre hoje e domingo, a Alameda do Casino, na vila de Luso, recebe mais uma edição da Feira do Mel e do Pão. O certame reúne mais de uma dezena de produtores de mel, oriundos dos concelhos da Mealhada, de Anadia, de Águeda e de Coimbra, aos quais se juntam padeiros locais, com o pão tradicional, e ainda outros produtos regionais como os licores ou doces.

Presente pela segunda vez nesta que é a 25.ª edição da Feira do Mel e do Pão, Márcia Ferreira, de Agadão (Águeda) confessa que procura “dar a conhecer” o projeto que, conjuntamente com a irmã, fez nascer, após a morte de seu pai.

Inscrita na Associação de Apicultores da Beira Litoral, recorda que iniciou a atividade na altura da pandemia. Com cerca de meia centena de colmeias na zona da serra do Caramulo, admite que quando começou “não percebia nada de colmeias”, mas a verdade é que a paixão pela apicultura foi crescendo à medida que o conhecimento sobre as abelhas também aumentava. Hoje, confessa que adora o que faz.

“Este evento é importante para promovermos um produto que é cem por cento natural. Por outro lado, permite-nos conhecer outros apicultores, clientes, num convívio muito salutar”, acrescenta, dizendo notar uma “crescente procura pelo mel e seus derivados, sobretudo por desportistas”. “Há outros produtos (polén e extrato de própolis) que são muito benéficos para o reforço imunitário”, conclui.

Helena Luís das “Delícias da Avó Lena” vende pão caseiro “que antigamente se chamava pão da Páscoa”, mas também bolo regional (folar), pançudos (bolinhos tradicionais da Beira Alta, de onde era natural seu pai) e as filhoses, um doce típico de Natal, “mas que se come durante todo o ano”, garante.

Recorda que é a presença mais antiga no certame: “este evento começou quando eu andava no Rancho Folclórico As Tricanas da Vila de Luso. Participo desde a primeira edição e embora seja assistente operacional no Centro Escolar em Arcos – Anadia, fui criada nas feiras e, hoje, estou aqui muito por carolice e por gostar desta dinâmica, de viver o evento e desta ligação aos outros participantes e visitantes”.

Chegam de Coimbra e para além do mel, trazem muitas plantas. Rosalina e Ivo são mãe e filho. “As plantas e o mel relacionam-se, como se sabe, muito bem. Aliás, sem plantas não há abelhas e sem abelhas não há mel”, destacam. Estrearam-se na Feira do Mel e do Pão em 2024 e, este ano, regressaram porque a primeira experiência “foi muito positiva”.

Possuem 170 colmeias, algumas das quais em Coruche (Santarém) mas também na zona de Coimbra. Por isso, reconhecem que no meio de tantos apicultores o que os distingue é a cor do mel: “temos um mel muito claro e isso faz uma diferença enorme, como é o caso do mel de Tomilho, um dos mais raros”, diz Ivo, apicultor da “Artes das Abelhas” e que trocara a engenharia química por esta atividade.

Sobre o evento, destaca o facto de se realizar numa altura em que os apicultores já extraíram todo o mel: “o mel agora é muito fresco porque é das novas colheitas e isso é muito bom para quem visita o certame para fazer compras”.

De visita ao à feira, António Jorge Franco, presidente da Câmara da Mealhada, frisa a importância do certame “não só na dinamização da vila de Luso e do concelho”, mas também “para dar oportunidade aos produtores para escoarem os seus produtos”.

O autarca destaca ainda a presença de vários jovens apicultores “que tentam inovar, trazer novos produtos, para além do mel”, o que mostra a vitalidade do setor.

O mel predominante é o multifloral, com uma forte influência do eucalipto, que cobre a área geográfica da Associação dos Apicultores do Litoral Centro, que vai de Ovar a Coimbra e de Santa Comba Dão a Mira.

Os produtores trazem o tão apreciado mel para prova dos visitantes, mas também subprodutos, do própolis à cera e geleia e aos utensílios e colmeias que servem para explicar a produção deste produto natural.

A Associação de Apicultores da Beira Litoral conta 230 associados e cerca de 16 mil colmeias – em parceria com o Município da Mealhada e a Junta de Freguesia do Luso.

O evento terá um vasto programa cultural, de acesso gratuito, com música, iniciativas para crianças, entre outras ações.