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Cultura // Oliveira do Bairro  

Festival “Terras de Barrium” molda Oliveira do Bairro através da música

O Círculo de Cultura Musical da Bairrada vai proporcionar a todos os amantes de boa música, um festival inspirado no barro, que dá nome ao concelho de Oliveira do Bairro. “Terras de Barrium” vai “moldar” o espírito e envolver a audiência em quatro momentos distintos, a começar já no próximo fim de semana.

Para o dia 27 (sábado), está reservado um momento especial. O espetáculo “Color Argillae” vai acontecer na antiga Cerâmica Rocha, a partir das 19h. “Nas ruínas caladas de uma antiga fábrica de cerâmica, as cores da argila parecem despertar com o som. O saxofone que desliza entre os arcos partidos, as chaminés ainda erguidas, mistura-se com a eletrónica que pulsa como memória industrial – eco de máquinas que já não existem. O violoncelo, com Bach na alma, entra como se cavasse fundo na terra, como as mãos que outrora moldaram o barro”, pode ler-se na sinopse do concerto. No palco montado num cenário inspirador, vão estar Ricardo Pires, no saxofone (“Windsor Project) e Gonçalo Lélis, no violoncelo (“Bach in Barrium”). Serão interpretadas peças de Christopher Bochmann, Daniel Davis, J. S. Bach e Pedro Lima.

No domingo, dia 28, será a vez da Igreja Matriz de Oliveira do Bairro acolher o concerto “Forma Argillae”. O espetáculo, marcado para as 16h, conta com a presença dos músicos António Mota (órgão) e Pedro Pacheco (trompete). Serão interpretadas peças dos compositores Alessandro Marcelo, J. S. Bach, G. F. Haendel, Samuel Sebastian Wesley e Henry Purcel.

Festival “Terras de Barrium” continua em outubro

Já para o mês de outubro, estão reservados mais dois espetáculos. O primeiro acontece no dia 12, às 16h, mais uma vez na Igreja Matriz de Oliveira do Bairro. “Libertas Argillae” vai trazer à cidade do barro o conceituado Quarteto de Cordas de Matosinhos. “A argila é liberdade contida -cede à mão, mas nunca se entrega por completo; exige escuta, tempo, respeito. Como a música, especialmente aquela que nasce do instinto e da forma em equilíbrio, a argila permite errar, refazer, transformar. Ambas vivem do improviso contido: o barro espera o gesto certo, a nota espera o silêncio que a antecede. Moldar e compor são, afinal, dois modos de dialogar com o invisível -libertar algo que já existia, mas ainda sem forma. Na música de Zeca Afonso habita o grito contido de um povo que, em silêncio, sonhava alto. Cada acorde carrega o peso doce da esperança, cada verso é uma janela aberta sobre um país que aprendia, aos poucos, a respirar. A música de Zeca Afonso, como o barro na roda do oleiro, é um grito de esperança, é ânsia de liberdade”, pode ler-se na sinopse do concerto.

Uma semana depois, a 19 de outubro, juntam-se, “Ao Anoitecer” (19h), na sede do CCMB (antiga escola primária de Oliveira do Bairro), Mariana Moita e Lara Martinez, para um Recital de Violino e Piano. Adhara Duo vai interpretar composições de Joly Braga Santos, Grazyna Bacewicz, Reena Esmail e Manuel de Falla.

“No crepúsculo, quando a luz se dissolve em tons de cobre e cinza, a argila parece adormecer, mas guarda ainda o calor do dia nas suas formas silenciosas. Nesse instante suspenso, a música do violino e do piano ecoa como um sussurro entre sombras -o violino traça linhas finas, quase frágeis, como fissuras na superfície do barro seco, enquanto o piano oferece um chão, uma ressonância terrosa que sustenta e envolve. Juntas, música e argila partilham essa hora ambígua: não é ainda noite, mas o dia já não lhes pertence. É o tempo em que tudo abranda, onde matéria e som se tornam gesto, memória, promessa de forma.” Mais um concerto que promete.