A Câmara Municipal da Mealhada voltou a reivindicar a reabertura do Apeadeiro do Pego, aproveitando o momento em que a Linha da Beira Alta retomou o tráfego ferroviário, no domingo (dia 28 de setembro). Num ofício enviado ao presidente da CP – Comboios de Portugal, com conhecimento à Secretária de Estado da Mobilidade, e depois de vários contactos com a entidade que gere os comboios nacionais, a autarquia sublinha que nunca desistiu deste objetivo, por considerar que o encerramento do apeadeiro representou uma perda grave para a população e um retrocesso face às políticas nacionais de mobilidade sustentável.
No documento, a Câmara começa por reconhecer os investimentos feitos pelo Estado na ferrovia, desde a modernização da Linha da Beira Alta até ao Passe Ferroviário Verde, mas manifesta preocupação pela exclusão do Apeadeiro do Pego da reabertura. Sublinha que a decisão é incoerente com a prioridade assumida pelo Governo em matéria de mobilidade sustentável, já que priva a população de uma alternativa segura, fiável e ambientalmente responsável ao automóvel.
O município apresenta ainda dados de um inquérito local, que comprova a procura efetiva e a vontade dos cidadãos em utilizar diariamente o comboio. Recorda que o número de utilizadores de transportes públicos tem vindo a crescer, refletindo uma mudança cultural que deve ser apoiada, e não travada.
Planos municipais e intermunicipais de mobilidade
Outro argumento prende-se com os esforços municipais e intermunicipais em curso. A autarquia refere que está a implementar planos de mobilidade urbana sustentável para reduzir tráfego automóvel, emissões e melhorar a qualidade de vida, enquanto a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra prepara um passe único intermodal. O encerramento do apeadeiro, nota a Câmara, fragiliza estas medidas e reduz a eficácia dos investimentos já realizados.
“Um passo atrás”
A autarquia lembra ainda que o Estado investiu fortemente na Linha da Beira Alta, reconhecendo a sua relevância estratégica para a coesão territorial e para a ligação internacional. Nesse contexto, considera incompreensível que se prive a população de uma infraestrutura local de custos reduzidos e potencial elevado. “Fechar um apeadeiro quando se reabre uma linha é dar um passo atrás”, assinala.
Perante isto, a Câmara solicita três medidas concretas: a reabertura urgente do Apeadeiro do Pego, a inclusão do mesmo nos horários da Linha da Beira Alta e a articulação com o futuro passe intermodal regional, para potenciar a adesão da população.
Na conclusão, a autarquia classifica o encerramento como um retrocesso para os cidadãos e para as políticas públicas, defendendo que a reabertura é um ato de justiça social, de coesão territorial e de consistência política. “Reabrir o Apeadeiro do Pego será a demonstração de que o Estado está comprometido em aproximar serviços, promover sustentabilidade e criar soluções de futuro”, remata.