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Aveiro // Região  

Associação quer suspensão das obras do Parque da Ciência em terrenos agrícolas

A Associação da Lavoura do Distrito de Aveiro (ALDA) criticou ontem a decisão de construir o Parque da Ciência e Inovação, liderado pela Universidade de Aveiro, na Coutada , Ílhavo, “nos melhores terrenos agrícolas em produção”.

Em comunicado, aquela organização de produtores, afeta à Confederação Nacional de Agricultura (CNA), refere ver “com grande preocupação” a escolha daquele local e apela “aos órgãos de soberania” que intervenham no sentido da obra não avançar.

“Como é possível que falem na necessidade de trabalharmos e produzirmos mais, para aliviar as importações e estarem a criar bancos de terras, se estão a roubar aos proprietários as melhores terras em produção?”, interroga a ALDA.

Aquela associação observa que “não foi apresentada uma alternativa credível para a construção do Parque de Ciências em terrenos que não ponham em causa os melhores terrenos agrícolas” daquela freguesia.

Questiona também se foi pedido parecer à Direção Regional da Agricultura e, caso exista, quais foram os pressupostos para a decisão, bem como a outras entidades.

“Esta Associação constata a pressa da construção de tal obra em curso nos melhores terrenos agrícolas, forçando os proprietários a abandonar as suas terras e as suas casas, sem alternativas, nem explicação da construção desta obra e da sua rentabilidade”, refere o comunicado da ALDA.

A associação lamenta ainda que “não tenham sido respeitadas a permanência dos proprietários e da sua história familiar nos terrenos ao longo de décadas”.

No início de fevereiro um grupo de moradores da Coutada, juntamente com a Quercus, havia organizado um protesto contra a construção do Parque da Ciência e Inovação, devido “aos impactos ambientais das novas construções, numa área da Zona de Proteção Especial da Ria de Aveiro”.

Ouvido na ocasião pela Lusa, Ribau Esteves, cuja câmara integra a sociedade constituída para gerir o Parque, sustentou que “o estudo de impacto ambiental respondeu com toda a clareza que é a única zona para construir o Parque”, dentro da lógica de um parque integrado no Campus Universitário.

Quanto a queixas dos moradores pelos valores oferecidos pelos terrenos, Ribau Esteves respondeu que foram feitas avaliações por técnicos da câmara oficial de avaliadores, quer aos terrenos, quer às benfeitorias”, garantindo “todo o rigor” no processo e adiantando haver acordo com mais de 75 por cento dos proprietários, das cerca de 200 parcelas envolvidas.

O Parque da Ciência e Inovação, que ocupará terrenos nos municípios de Ílhavo e Aveiro, vai ser gerido por uma sociedade anónima, composta pela Universidade de Aveiro, 11 municípios da região e empresas, envolvendo um investimento da ordem dos 35 milhões de euros, dos quais 80 por cento com financiamento europeu.

O novo espaço irá compreender três polos nas áreas da ciência, experimentação e empresarial, permitindo a instalação de empresas de base tecnológica.

A Universidade de Aveiro, que lidera o projeto, prevê que o Parque da Ciência e Inovação venha a criar 5000 postos de trabalho diretos e 10 mil indiretos, numa década.