Carlos Fernandez é um dos 110 profissionais da arte da pastelaria, de norte a sul do país, a deixar a sua marca na obra “Legado dos Chefs”. Um livro com autoria e edição da Academia Profissional Cake Design/Bakery School (Caldas da Rainha), onde Carlos fez formação, “há talvez 15 anos”, recorda o próprio ao JB.
Palhacense “de gema”, como se define, é nesta freguesia do concelho de Oliveira do Bairro, mais concretamente no Albergue, que reside. Com 40 anos, afirma com satisfação que metade da sua vida foi dedicada ao ramo da pastelaria, tendo começado por fazer formação profissional no CEPSA – Centro Profissional do Setor Alimentar. Mas é no concelho vizinho de Anadia que Carlos “põe as mãos na massa”, deixando com água na boca os admiradores das suas doces obras de arte. A trabalhar na “Pão de Deus”, onde tem sociedade com Tiago Neves e Tiago Pessoa, Carlos Fernandez confessa que já tentou mudar de profissão, porém, nem a alergia à farinha e a asma, que ganhou nos bastidores das coloridas vitrines, o fizeram mudar de rumo. “Fui mesmo aconselhado pelos médicos, mas não dá, o bichinho foi sempre mais forte.”
No livro “Legado dos Chefs”, constam três receitas “bairradinas”: Morgado, de Bruno Nogueira (Pastelaria Doce Oiã 93, Oliveira do Bairro); Tigeladas de Águeda, de Natalino Mostardinha (Pastelaria Requinte & Categoria, Águeda) e Babás. Foi esta a receita escolhida por Carlos Fernandez para ir ao encontro do tema, “tradição de mãos dadas com inovação”. “A ideia era recuperar receitas perdidas, porque hoje, vamos a uma pastelaria e muito do que se fazia antigamente, já não se faz.” Por quê os Babás? “Porque já não se fazem desta maneira, é com uma massa mais seca. Eu quis recuperar o tradicional, mais húmido. A massa, como faço, é cozida e fica embebida numa calda de açúcar durante vários minutos.” Ficou divinal, pudemos comprovar.

Para Carlos Fernandez, “é um orgulho fazer parte desta obra”. Não que precise desta “publicidade”, “mas é por uma questão de respeito”.
Quanto às restantes receitas, admite experimentar algumas, “que me parecem muito interessantes”. Mas só “para o ano”, frisa, de súbito, já que, por estes dias, o ritmo frenético não dá tréguas a quem se dedica a adoçar o espírito guloso dos bairradinos.
