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COVID-19 // Desporto // Futebol // Visto da Bancada  

Campeonatos suspensos por tempo indeterminado

Era, infelizmente, um dado que, mais tarde ou mais cedo, seria uma realidade. Tudo por causa do Coronavírus que assola Portugal e outros países. Ninguém joga até ordem em contrário!
Inicialmente, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF) deliberou que os campeonatos, profissionais e não profissionais, este fim de semana, seriam à porta fechada. Um jogo à porta fechada seria um petisco sem sal, mas, neste momento, o mais importante é a saúde do que o futebol. Tudo o resto é secundário.
Entretanto, tudo se alterou. Na última quinta-feira, o grupo de emergência criado por Fernando Gomes, presidente da FPF, para monitorizar o impacto do COVID-19 reuniu e decretou a suspensão de todas as competições nacionais de futebol e futsal organizadas pelo organismo por tempo indeterminado.
Nas competições profissionais, seguindo as indicações da FPF e da Liga Portugal, no sentido de serem tomadas medidas para conter a propagação do COVID-19, pedindo aos clubes para suspender a realização de treinos, muitos clubes acataram esta medida e também cancelaram os treinos.
O Anadia Futebol Clube, do Campeonato de Portugal, cancelou os treinos na última quarta-feira, dia 11, e, depois de várias reuniões, a equipa técnica, em conjunto com a direção, tomou novas medidas. O plantel cancelou os treinos e, para minimizar os prejuízos, segundo o treinador Pedro Hipolito, foi elaborado um plano de treinos individual para os jogadores, sendo nesta altura mais importante proteger as pessoas e famílias.
Já o Recreio Desportivo de Águeda, do mesmo campeonato, suspendeu toda a atividade desportiva. Ninguém sabe, pois a pandemia (esperamos que não) tem tendência a alastrar-se, quando o campeonato regressa e os efeitos que isso poderá provocar aos clubes.
Pedro Hipólito, treinador do Anadia, questionado sobre todas estas situações, teve uma resposta justa ao momento que atravessamos, deixando o futebol para segundo plano: “Penso que neste momento o mais importante é parar este problema. Evitar o alastramento do vírus o mais possível e colocar as pessoas e crianças em segurança. Acho que a decisão da FPF é sensata, faz todo o sentido e desejo que encontremos soluções o mais depressa possível para voltarmos à nossa vida normal e fazermos o que mais gostamos.”
Por seu turno, Nuno Pedro, treinador do Águeda, referiu que “a suspensão do campeonato justifica-se dando prioridade à saúde pública, não sabendo até quando irá. É aguardar e esperar que tudo acabe da melhor maneira, arranjando depois uma solução pelas entidades competentes para a forma como terminam os respetivos campeonatos”.
Mais dia menos dia e a reunião da UEFA desta terça-feira, já depois do fecho desta edição do JB, poderá clarificar muita coisa, do futuro do futebol, não só em Portugal, como no resto do Mundo. E se for tudo cancelado, haverá, como é fácil de imaginar, muitos problemas a ter em conta, o principal a nível financeiro. Mas também quem será campeão, quem desce de divisão, quem disputa o playoff, reportando-nos ao Campeonato de Portugal. O país está unido em torno da mitigação do coronavírus, mas quando tocar a rebate nas decisões que a Federação Portuguesa de Futebol tomar, haverá muitos dirigentes que não vão concordar com as medidas.
Nuno Pedro adianta que “os efeitos que traz para os clubes vão depender do tempo de paragem dos campeonatos, mas temo que se for prolongada, será difícil a vários níveis e será complicado para todos os intervenientes, cabendo ao Governo gerir e ajudar os clubes para que a presente temporada termine da melhor maneira, tendo em conta também o não colocar em causa o normal início da próxima temporada”.
O treinador do Recreio de Águeda afiançou que “são muitos fatores a ter em conta e que neste momento são difíceis de prever, apenas quando tivermos um tempo previsto de paragem”.
 
Campeonatos da AFA
A Associação de Futebol de Aveiro, a exemplo do que acontece com todas as associações do país, decidiu suspender a atividade (campeonato de seniores e formação) até dia 23 de março, mas, entretanto, já tomou medidas esta segunda-feira de manhã. A AFA suspendeu toda a atividade por tempo indeterminado, até nova deliberação.
A partir desta segunda-feira, dia 16, numa tentativa de parar a propagação do vírus, a AFA deliberou, ainda, encerrar ao público os serviços administrativos, também por tempo indeterminado. Os mesmos continuarão ao dispor dos seus associados, agentes desportivos e demais interessados por email (secretaria@afaveiro.pt), pela página da AFA no Facebook e pelos telemóveis 917262352 e 938373838.
Nos últimos dias, várias competições, de diversas modalidades, foram suspensas, de forma a tentar travar a propagação da COVID-19 no nosso país. Entre elas estão a Ronda de Elite para o Europeu Sub-17 de futebol feminino, que iria decorrer entre os distritos de Aveiro e de Coimbra, ou o Torneio Interassociações Sub-15 de futsal masculino, que iria ter lugar em São João da Madeira.
O Oliveira do Bairro, que milita no Campeonato SABSEG, e sendo o clube mais representativo do concelho de Oliveira do Bairro, ouvimos o seu treinador. Maná, sobre a paragem do campeonato, disse que “é mau porque estamos num bom momento, não conseguimos controlar é outras coisas, e a saúde é a coisa mais importante das nossas vidas. O futebol, neste momento, é secundário”, acrescentando que, quando tudo voltar à normalidade, “iremos continuar fortes e a dignificar as cores de Oliveira do Bairro, ninguém fica envergonhado das nossas prestações”.
Outros clubes por nós contactados, todos eles a militar no último escalão, a 2.ª Divisão, e já sem grandes horizontes a nível desportivo, isto no que diz respeito a subidas de divisão, são apologistas que o campeonato já não devia regressar, pois deste modo não teriam despesas, tais como pequenos subsídios aos jogadores, água e luz.
Numa altura de emergência social, o isolamento é a melhor forma de combater o contágio de uma doença que já causou milhares de mortes em todo o mundo.
Como tal, resta-nos lutar com as nossas armas. E não, não nos é pedido um esforço estoico. Basta ficarmos em casa, até que a situação regresse à normalidade.